sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Osnofa, a bola da vez



Tenho o maior orgulho de estar promovendo no Projeto Memória Musical, na companhia dos meus chapas Raberuan, Edsinho Tomaz de Lima, Cléston Teixeira, Mizão e Mizinho de Carvalho, e Sueli Kimura, e com apoio do IPEDESH, o resgate e o registro no formato CD, da arte singular do grande poeta, compositor e cantor Osnofa, legítimo dinossauro do MPA - Movimento Popular de Arte de São Miguel Paulista.
Destaca-se e chama-me a atenção no trabalho do Osnofa, a ironia amarga e a acidez corrosiva das suas letras que retratam fatos aparentemente banais do nosso cotidiano, mas que na verdade iluminam zonas obscuras de situações limites, onde dar mais um passo significa cair no abismo do esquecimento.
Poesia perigosa e feita com destemor, a poesia do Osnofa. Confiram dois exemplos.

Akira - 17/09/2010.


PREDOÊNCIA

Êita, predoência
(Só quem viu pode falar)
Só - cial

O pai sinhô
O pai sinhô
Senhor, senhor, senhor risal

Mãe Dona Cida
Mãe Dona Cida
Cidá, Cidá, Cidá lena

Filho Doril
Filho Doril
Doril, Doril, Doril val

Osnofa.

AGAMELANCIOU

A gasolina com cachaça
Dá um nó cego na tripa
E a venta enfumaça

Dá caganeira
Não pode soltar o vento
Escorre pra perna abaixo
Vai parar no calcanhar
Se vem a tosse
Voce fecha o organismo
Sua frio, fica vermelho
Não levanta do lugar

Vermeia os olhos
A boca fica espumando
Cururú do bucho inchado
Lagarto vem aí
Cancão de fogo
É lobisomem, é lagartixa
Besta fera, lua cheia
Gato preto, sucuri

Passado o efeito
Voce fica perguntando
Os vexame que foi dado
Passa a não acreditar
Subiu na mesa
Descascou uma mandioca
Bebeu toda a água da caixa
Melanciou, se revelou.

Osnofa.

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